segunda-feira, 31 de agosto de 2009

BANCO NÃO É LUGAR PARA CRIANÇAS

É do conhecimento de todos que a grande maioria das agências bancárias no Brasil, principalmente as dos bancos públicos localizadas nas pequenas cidades e na periferia das grandes, quase sempre estão lotadas devido a grande procura pelos programas sociais e apresentam problemas extruturais como instalações físicas pequenas e sistema de refrigeração e ventilação deficiente, além de serem barulhentas e oferecerem um lento atendimento devido ao número defasado de funcionários. Junte-se a tudo isso, os riscos inerentes à contaminações provenientes da manipulação de dinheiro em espécie e à segurança a que fica exposto qualquer pessoa que busca um serviço bancário. Fica claro, pois, que um ambiente como o descrito acima é de longe o ideal para a permanência de qualquer pessoa por um período que pode demorar meia hora, duas ou duas e meia, como muitas vezes acontece. E o que dizer quando se trata de um bebê ainda de colo, ou mesmo de um, dois ou três anos, que é obrigado a ficar num ambiente desse, totalmente adverso ao seu bem-estar?

Como funcionário que sou de um banco há 27 anos, tenho observado que é cada vez maior nas agências bancárias a presença de crianças - mormente as de até dois anos de idade - levadas pelas mães e, em menor escala, pelos pais, na maioria das vezes só para terem garantido o atendimento em fila diferenciada que é oferecido aos portadores de criança de colo. Uma consequência dessa busca por "levar vantagem" tem sido a irresponsável exposição de crianças, às vezes até apresentando sintomas de alguma doença, a ambientes insalubres e com grande concentração de pessoas. E não é necessário ser nenhum médico-pediatra para concluir que uma criança poderá sofrer sequelas em sua saúde física e psicológica quando é submetida a condições ambientais como a relatada anteriormente.

Definitivamente, banco não é lugar para crianças. É angustiante observá-las num dia de pique numa agência bancária. É tanto choro e resmungo que mais parece que se está num hospital pediátrico do que numa instituição financeira. E motivo prá chororô é o que não falta. Um chora pelo peito da mãe que envergonhada reluta em oferecê-lo, outro, pelo desconforto de um colo já cansado; tem os que choram pelo estresse causado pela barulheira agravada pelo choro dos outros, e outros, pelos beliscões das mães impacientadas pela demora do atendimento; não falta o choro motivado pelo calor ou frio demasiados e o causado pela curiosidade não satisfeita de ver o quê e/ou quem está no guichê de atendimento; se um chora porque derrapou no chão liso, outro é por ter colidido com o vidro transparente da porta; e tem o choro por doença ou simplesmente por enjôo. E haja choro, sem esquecer, claro, os sem motivo aparente, os chamados choro-por-falta-de-pêa. Com tanto choros, o resultado é o agravamento do desconforto e a impaciência de todos, atendentes e atendidos, influindo negativamente no atendimento como um todo.

Já se faz oportuna uma nova atitude dos bancos em relação ao ingresso de crianças em suas agências bancárias e congêneres. Talvez já se faça até mesmo necessária a interferência de uma portaria do Banco Central disciplinando sobre esse assunto, no intuito de proteger a criança do desconforto físico, psicológico e até mesmo moral, quando são usadas como passe para filas menores, a que são obrigadas a enfrentar. Ou seria um caso de se pensar numa lei? O insofismável é que algo tem que ser feito, e urgente. Nossas crianças merecem mais respeito.

Ivo Dias

Um comentário:

  1. Que gracinha...e o que fazer com as mães que não têm com quem deixar...proibir é facílimo.

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