quarta-feira, 19 de setembro de 2012

ACONTECÊNCIAS DA VIDA REAL V

         Meu filho Ian, fã incondicional de desenhos animados, hoje com 10 anos, à época com 5, andava empolgadíssimo com suas primeiras aulas da disciplina de inglês. E estava sempre me pedindo a tradução para o inglês de alguma palavra ou expressão para usá-la no seu dia-a-dia com seus amiguinhos no colégio e no lazer. E quanto mais ele tinha aulas de inglês mais crescia sua empolgação com a língua germânica, e, às vezes, já conseguia até mesmo entender o inglês das instruções de alguns jogos do seu Playstacion e dos sites onde jogava.
Ian com 5 aninhos
         Uma noite - eu havia acabado de apanhá-lo na escola - equanto eu preparava o nosso jantar e acompanhava o noticiário na tv da cozinha, Ian pede minha atenção e pergunta bruscamente, sem mais nem menos:
         - Pai, como é que se fala "pica" em inglês?
         - !?
         Fiquei meio que perplexo diante da pergunta, não querendo acreditar no que eu estava supondo. E, achando que o interesse do meu filho pelo inglês estava indo longe demais prá sua idade, eu o repreendi, meio que atabalhoado mas rispidamente, com outra pergunta:
         - Que pergunta é essa meu filho?! Eu lá sei...Prá que você quer a tradução dessa palavra...
        E ele meio espantado e sem entender minha reação, me interrompeu:
         - Papai, e "pau"? Como é "pau" em inglês?
        Aí foi demais. Esqueci o sanduiche que preparava e o noticiário da tv e parti para o ataque, até que meio desproporcinalmente a sua idade:
        - Como é que é, Ianzinho!? Que negócio é esse de" pau", de "pica"...!? Aonde é que você está aprendendo essa esculhambação, hem? Com quem você está se metendo por aí...
        - Não, pai, é que eu queria falar pica-pau em inglês p'ros meus amiguinhos.  Interrompeu-me candidamente o meu bebê.

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

ADORÁVEIS DOIDIVANAS

Capa de Adoráveis Doidivanas
"Sobral, terra de cenas fortes" é uma frase cunhada pelo professor Maximino Barreto e perpetuada na mente de todos os estudiosos ou meros observadores do cotidiano daquela cidade, onde acontecimentos, melhor dizendo, onde causos pitorescos fervilham  e encontram eco no diz-que-me-disse do Becco do Cotovelo, que, como costumo dizer, nunca guarda segredo.
Pois agora, além do tradicional Becco, mais um canal surge para reverberar, e, melhor ainda, registrar para as gerações vindouras, muitas dessas estórias que são contadas de boca-em-boca e são sempre temperadas com doses generosas de humor e, não raras vezes, até mesmo com pitadas comedidas de cinismo e sarcasmo. Estamos nos referindo ao livro Adoráveis Doidivanas, mais recente obra literária do poeta e escritor sobralense César Barreto, engenheiro civil de profissão. César, com a colaboração de seu primo Marcelo Barreto, soube como ninguém transportar para o papel, com fidelidade e exatidão, e usando um linguajá coloquial como exige o gênero, a essência desses causos garimpados do cotidiano de pessoas comuns moradoras de Sobral e circunvizinhanças.
Adoráveis Doidivanas é, pois, um compêndio leve, para se ler despretenciosamente, e se deixar imaginar-se fazendo parte de cada estória. Um bom livro. Simples assim.

Ivo Dias

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

NEGOCIATA NA CULTURA

Todo mundo sabe - e o mundo também sabe - que um dos maiores défices que o Brasil ostenta diz respeito ao acesso a educação e cultura por parte do seu povo. E também é do conhecimento de todos que esse défice é um dos principais entraves, senão o maior,  para que o Brasil alcance a classificação de país primeiro-mundista.
Dilma nomeia Marta em troca de apoio à Hadad
Pois pasmem! Não é que a nossa presidenta Dilma, desdenhando da importância que representa o Ministério da Cultura e por extenção a própria educação para o nosso mal-educado país, acaba de fazer da nomeação da nova titular daquela pasta uma simples negociata política. É que senadora Marta Suplicy - aquela do "relaxe e goze" - que andava chateada com a estrela vermelha, por ter sido preterida em sua intenção de disputar a prefeitura de São Paulo, foi nomeada Ministra da Cultura em troca do seu efetivo engajamento na campanha de Fernando Haddad prá prefeito. E mais uma vez o critério técnico, que deveria, mais que tudo, nortear uma nomeação dessa envergadura, foi deixado de lado para satisfazer à sede nefasta de poder político, maculando a credibilidade que é premissa primeira para o bom desempenho de qualquer ministério.
É triste constatar que essa abominável política do "é dando que se recebe" ainda campeia à solta pelos corredores do poder, e mais triste ainda é vê-la praticada por quem há tão pouco tempo a criticava com veemência.