quinta-feira, 10 de setembro de 2009

UÍSQUE PODE. CACHAÇA, NÃO?

Explicando o seu voto contra a redução da jornada de trabalho dos assalariados de 44 para 40 horas semanais, em discussão no Congresso, o deputado Nelson Marquezelli argumentou: "Se você reduzir a carga horária, o que vai fazer o trabalhador? Eles dizem: vai prá casa ter lazer. Eu digo: vai para o boteco beber álcool, vai para o jogo."

Quanta discriminação! Mas não podia ser diferente. A grande maioria dos "bacanas" do Congresso, reperesentantes que são da elite brasileira, tem uma visão vesga e pejorativa à respeito do assalariado brasileiro, como se esse, ao contrário deles, que integrariam a Casa Grande, ainda fizesse parte da Senzala a quem só compete trabalhar sem direito ao descanço, ao lazer. Não sabe o deputado que é de livre arbítrio qualquer indivíduo fazer o que bem entende do seu tempo de lazer desde, lógico, que não interfira no direito de outrem?

Por quê será que Nelson Marquezelli vê problema em se querer beber cachaça - o ilustre deputado jocosamente falou "álcool" - e se divertir no jogo? Será porque só pobre quando bebe é que faz besteira? Ou por quê só quem joga é pobre? Equivoca-se quem raciocina assim. E o que dizer dos inúmeros casos mostrados pela mídia de políticos, juízes, procuradores, empresários bem sucedidos, e outros ricos mais, protagonizando cenas degradantes por terem "enchido a cara" e perdido a compostura? E dos flagrantes de fechamento pela polícia de casas de bingos, rinhas de galos, etc., tudo à revelia da lei, apinhadas de "gente boa"? Será que toda essa discriminação de Nelson Marquezelli seria porque beber uísque e apostar alto é chique e beber cachaça e jogar mixaria é chinfrim? Ora, deputado, vá procurar o que fazer!

Ivo Dias

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