"No meio do caminho tinha um poste, tinha um poste no meio do caminho". Parece até uma paráfrase dos versos de Carlos Drumond de Andrade, mas, na realidade, é a constatação de quem caminh
a por Caucaia, na região metropolitana de Fortaleza, no Ceará, e outras cidades cearenses. É que a COELCE, empresa distribuidora de energia elétrica, além de ter a péssima mania de fincar no meio das calçadas e canteiros centrais os postes da fiação, agora inventou de aumentar o diâmetro de suas bases (ver fotos) à guisa de, segundo o que conseguimos apurar, torná-los mais resistentes a eventuais abalroamentos por veículos, o que vinha causando muitos cortes no fornecimento de energia. Mas em decorrência dessa "engenhosa" sulução, ficaram prejudicados os transeuntes com mais um obstáculo a dificultar-lhes o livre trânsito pela cidade. Conclusão: a COELCE "cobriu o seu santo" mas "descobriu" o dos pedestres. Ora, enquanto nos dias de hoje está em grande evidência a reorganização do trânsito nas cidades, principalmente no tocante aos direitos do pedestre, o que se vê é uma empresa que costuma alardear sua preocupação com o s
ocial agindo na contramão desse ordenamento.
Como se não bastasse a existência de obstáculos tais como estacionamento de veículos, mesas de bares e restaurantes, bancas de camelôs, monturos e outros mais, bloquendo o trânsito de pedestres nas calçadas, canteiros centrais e passeios públicos, fato intensa e permanentemente combatido oportunamente pela imprensa em geral, agora o transeunte muitas vezes é obrigado, mesmo correndo o risco de atropelamento, a caminhar pelo leito da rua por ter de desviar de um desses novos modelos de poste, uns monstrengos que, além de obstacularem, contribuem para enfear a paisagem urbana da cidade. O que causa estranhamento é que, nesse caso, não se vê dos jornais, rádios e televisões nenhuma, ou quase nenhuma, crítica ou manifestação contra esse tipo de abuso. Daí, o questioname
nto que não quer calar e, menos ainda, ser capcioso: seria porque a COELCE tem sempre uma gorda conta publicitária?
Enquanto os órgãos competentes não tomarem uma posição no sentido de coibir o uso desses
postes-monstrengos, ou pelo menos a colocação deles no meio das calçadas e canteiros centrais, estarão os transeuntes - idosos, adultos e crianças - correndo sérios riscos no trânsito por serem impelidos a caminhar pelos leitos das ruas enquanto seguem o caminho de casa, do trabalho e da escola.
Ivo Dias