A FARSA DO PRÉ-SAL

Muito já se falou e continua sendo dito sobre o assunto "Camada de Pré-Sal", faixa do subsolo de onde serão retiradas, pela Petrobrás, imensas riquezas em forma de igualmente imensa quantidade de petróleo. Coisas interessantes, outras nem tanto, algumas verídicas, outras meras suposições, e por aí vai. Mas intrigante mesmo foi uma entrevista dada ao O Globo, em 27 de outubro passado, pelo Sr. Ildo Sauer, engenheiro, professor da Universidade de São Paulo, diretor de Energia e Gás da Petrobrás nos quatro anos do primeiro mandato de Lula, por coincidência, do PT, onde fez denúncias não menos intrigantes mas também gravíssimas.

Está dito lá, por exemplo, que "a ministra Dilma, presidindo o conselho de Administração da Petrobrás, defendia a urgência de leiloar açodadamente os blocos do pré-sal. Em algumas reuniões a Dilma dizia: 'Presidente, a Petrobrás está te enganando. Não acredite na Petrobrás. A Petrobrás pensa primeiro nela depois no povo brasileiro' ".

Nessa mesma entrevista, o digníssimo Professor confessa que "o governo Lula leiloou mais blocos sobre o pré-sal do que o governo Fernando Henrique e adotou por mais tempo o modelo adotado por FHC. Fernando Henrique começou a leiloar em 2000, fez quatro rodadas. Lula leiloou seis, dos quais cinco tinham blocos sobre o pré-sal."

O ex-diretor de Lula contou também que "os petistas diziam que iriam leiloar fora do pré-sal. Mas leiloaram a franja do pré-sal em dez blocos. A empresa OGX (do milionário Eike Batista), criada em 2007, arrancou da Petreobrás o dirigente máximo da área de exploração, o gerente executivo Paulo Mendonça, com a sua equipe. Ele saiu de lá a peso de ouro e foi trabalhar para o investidor privado. Recrutaram a equipe em meados de 2007 e em novembro compraram os blocos. Em julho do ano seguinte, venderam 38% do seu capital por R$ 6,7 bilhões. Já anunciaram descobertas de 2,6 bilhões a 5,5 bilhões de barris. Em valor de mercado, em torno de R$ 50 a R$ 80 bilhões."

Lendo a esse respeito na coluna diária Política, do consagrado e muito bem informado jornalista Sebastião Nery, n'O Estado, jornal do Ceará, encontro essa declaração didática do ex-diretor da Petrobrás engenheiro Wagner Freire: "O pré-sal invensão brasileira é uma distorção de marketing inventado pelos políticos do governo. No Brasil, desde 1975 o campo de Badejo, na bacia de Campos, fica na camada do pré-sal. Em Sergipe, o campo de Carmópolis, desde 1963 em exploração, localiza-se na camada do pré-sal. No Golfo do México, Oriente Médio, Mar do Norte, a produção de petróleo na chamada camada do pré-sal é realidade mundial". Sebastião Nery, nessa mesma coluna, diz ter ouvido do professor Hélio Duque, "baiano ilustre da Petrobrás", doutor em Ciências Econômicas, deputado federal do MDB e PMDB do Paraná de 1978 a 1990, que "a politização primária tentou vender à sociedade a mágica da descoberta do óleo no pré-sal, quando há décadas a própria Petrobrás já retirava, em pequeno volume, petróleo nas áreas do pré-sal."

Vale muito transcrever esse trecho da coluna do Nery: "Pior e patética é a desinformação do PSDB e inacreditável e intolerável o comportamento de José Serra na campanha que nada discutiu. 'Passaporte para o futuro', 'nova etapa na emancipação econômica brasileira', 'bilhete premiado responsável pela sorte grande', são expressões usadas em massacrante marketing para anunciar o pré-sal."

E, endoçando a opinião do colunista, considero mais inacreditável e intolerável ainda foi o emudecimento da imprensa diante de tamanhas denúncias. Silêncio proposital?!

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Ilustrações da internete